A luz se acende.
domingo, 18 de maio de 2014
Revirando - parte 2
A luz se acende.
Revirando - parte 1
Depois de muito fugir, resolvi revirar minha própria mente em busca de alguma situação ou alguma soma de fatores que tenha dado o "start" a toda essa minha confusão. Sentimental, psicológica, social, familiar, de trabalho, de saúde, espiritual... generalizada!
Que eu sinto tudo mais do que o normal, sim, eu sei, mas isso também me faz amar e acreditar mais do que o normal também. Por vezes até mais do que o aceitável. Que eu sou meio alternativa e exêntrica, demais para alguns, também sei. Mas... de fato tem algo de errado, que anda fazendo tudo transbordar.
Me sinto como um animal acuado, num misto de raiva, de medo, de tristeza, de ansiedade, de auto proteção... de esperança? Um pingo, por quê não? Sozinha, ameaçada, assustada, eletrizada, humilhada, carente. É como se eu estivesse em perigo e pronta ou para atacar alguém (até a mim mesma), ou para morrer.
Da expectativa ao sentimento
Noite escura
domingo, 4 de maio de 2014
Do buraco - parte 1
Abro os olhos. A névoa permanece num entardecer, não há sol nem escuridão, mas meus olhos se forçam a enxergar, não se acostumando fácil com a realidade. Olho para minhas próprias mãos, sujas, de... terra! Meus braços, meu corpo inteiro, que vou tentando tirar de montes e montes de terra. Quanto mais eu me esfrego, em desespero, para tentar me limpar, percebo que meu corpo vai desaparecendo com a terra. Mas eu sinto que estou aqui! Mais terra vem surgindo, lá do alto, caindo e pesando sobre mim, me deixando confusa e cada vez mais desesperada. Como se já não bastasse ter tão pouco espaço para tentar me livrar, parece que quanto mais eu me movimento, mais ele se fecha a minha volta, me sufocando.
Canso. Deixo a terra cair enquanto minhas lágrimas rolam, num choro sentido, soluçado, gritado. Desespero, mágoa, dor, raiva, confusão, revolta. Como vim parar aqui? O que está acontecendo? Meus pais devem estar me procurando. Será que ninguém mais deu falta de mim até agora? Pouco importa. Só quero sair daqui.
O tempo passa até que eu resolva olhar para cima, e, por entre a névoa, consiga ver alguns vultos e suas pás, que não hesitam em jogar mais e mais terra. Ouço vozes, conversas, risadas. Custo a acreditar que tem alguém lá em cima fazendo isso. Será que não perceberam que estou aqui? Será que eu caí nesse buraco? Grito, a todos pulmões, mas não ouço minha voz. Minha voz parece apertar minha própria garganta, me estrangulando aos poucos, e consumindo o pouco ar que consigo puxar. Agito minhas mãos, ainda tentando gritar, tentando tirar meu corpo cada vez mais soterrado da terra, para poder saltar e chamar atenção. Minha voz não sai ou ninguém me ouve, nem eu mesma? Sei que tento, tento, até cansar novamente.
De repente a dúvida maior vem na minha mente. Será que eles sabem o que estão fazendo? Será que estão mesmo me enterrando viva? Não. Me recuso a acreditar, enquanto, ao mesmo tempo, sei que mu maior defeito é acreditar demais na bondade das pessoas, caindo em diversas armadilhas. Não acredito, mas não duvido. Finjo novamente para mim mesma que não importa. Quero é sair daqui.
Vai anoitecendo e os vultos começam a tomar forma, começo a distinguir rostos e sons. Eles me conhecem! Grito mais, em vão. Tenho a impressão de estarem olhando na minha direção, mas não sei se estão olhando somente para a terra que jogam, jogam ,e jogam. Pás e mais pás. Olho para cada um, com dor, pensando em tudo o que já passamos, em tudo o que já sentimos, no quanto me abandonaram... no que estão fazendo agora. Ei, eu estou aqui! Parece que nunca existi. Me dou conta de que não existo ali, estou invisível, visível só para mim mesma. Filmes, cenas, palavras, se desenrolaram e desfilam na minha mente, na frente dos meus olhos. Eu sinto toda a dor, por ter amado tanto cada um deles, por ter acreditado e me doado tanto... a ponto de não sobrar mais nada para mostrar e nem que os faça parar e me enxergar, ver o que estão fazendo, e parar com esse pesadelo.
O tempo passa e a terra cai, já quase cobrindo meus braços que não existem. Sinto cada pedaço do meu corpo dolorido, mas ele não está lá. Não posso ser vista, não posso explicar, mas eu me sinto viva! Já não faço mais nada, nem mesmo choro, nem mesmo grito, como se todas as minhas forças tivessem esgotado. Resolvo olhar um pouco mais pra dentro, e percebo que eu não mereço ficar ali. Se vão me ajudar ou não, eu preciso antes voltar a existir, ao menos para mim, para depois tentar fazer com que parem ou conseguir escalar esse buraco. Mas como?