domingo, 18 de maio de 2014

Revirando - parte 2




A luz se acende.

Eu estou ali, longe de absolutamente todos os meus pilares, tentando fazer parte de algo que não é meu, abandonando partes importantes e expressivas de mim pelo que parece ser certo ou parece preservar um sentimento ou um desejo.

No momento, em prol de um objetivo, que parece muito maior do que tudo e que me fez mudar minha vida, e até minha cabeça, tudo faz sentido. Todos os sacrifícios.

Mas, ninguém me perguntou ou sequer se importou com o quanto tudo aquilo era importante e difícil para mim. Nem sequer imaginaram que, aos poucos, isso iria me matando, porque fazia parte de mim numa vida inteira. Nem sequer reconheceu o tamanho da dor e da vitoria, e vice versa, que eu estava tendo ao lidar com tudo isso.

Muitas vezes, inúmeras, isso me trouxe alegrias, prazeres, oportunidades. Mas, verdade seja dita, eu pouco tinha onde me agarrar e não via que a queda podia ser tão dolorosa.

E então, eu nessa fragilidade toda, desapercebida, sou exposta. Não há para onde, quem ou o quê correr, e na ânsia de preservar aquele sentido todo... eu passo por cima dos meus sentimentos, da minha moral, dos meus valores, de mim mesma. Mas estou ali, nua por dentro, acuada como um animal. O unico lugar que eu tinha para me ancourar, é justamente o que, naquele momento, estava me expondo e devastando.

O pesadelo passa, mas eu continuo ali, sozinha, exposta, sem refúgios, portos seguros, tendo que escolher entre passar por cima de mim mesma ou por cima de um amor e de um sonho. Dolorida, extremamente dolorida, desrespeitada, humilhada, invadida em aspectos e pontos fracos, sofrendo o que ninguém tem o direito de fazer com o outro.

E então passo por cima, de mim.

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