sábado, 5 de julho de 2014

Camaleônica e transbordante



Sem dúvidas eu não sou a mesma.

Passei dias enfiada em memórias e tentando me reconectar com uma face perdida minha, como se ela pudesse retornar das brumas e voltar a ser aquela menina que ainda acreditava em todos os sorrisos... Aquela menina leve de cabelo comprido, cacheado e vermelho fogo, vestidão hippie azul, allstar preto sujo de areia, bolsão de lado cheio de tinta, sorriso sincero, brisa batendo, numa rua de pé de moleque e casarios que formavam meu paraiso infernal. Inspirações desordenadas e transbordantes, dúvidas e certezas coloridas, sem medo, sem amarras.

Essa é minha essência, no momento mais liberto e livre da minha vida, um EU tão vivo e refletido no meu rosto de neve, nem menina nem mulher, acreditando que a qualquer momento seria possível pegar um taxi para a estação lunar. Mas, agora, onde está?

Anos se passaram e eu também passei, por mim mesma e por coisas que eu jamais imaginaria, nem mesmo suportar. Mas também passei por sorrisos tão bonitos e experiências tão grandes, que me fazem acreditar que não sou apenas o que está aqui, há uma imensidão de gente, lugares, bagagens e tudo o mais que se possa imaginar dentro de mim.

Percebo então, que além dessa confusão interna e uma suposta maturidade, surge uma força que desconhecia. Algo grita, agora, um grito de liberdade, e vou amplificá-lo até que os olhos mudem de cor e eu consiga organizar essa bagunça, botar para funcionar o misto do que eu sinto agora em comunhão com aquela que tinha me esquecido, mas jamais deixei de ser. Não quero mais voltar, quero somar e transbordar novas cores, voltando a ter fé, na vida, em mim, no ser humano, no amor, na taba e pé na estrada... todas as estradas dentro e fora de mim.

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